INTRODUÇÃO
No Antigo Testamento só se podia oferecer culto no Tabernáculo ou no Templo. No Novo, e do ponto de vista espiritual, Jesus Cristo aprofundou o sentido de adoração, conforme a narrativa do evangelista declara: Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem (Jo 4.23). Nesta lição, veremos que, diferente do Antigo Testamento, a mordomia da adoração no Novo se realiza em espírito e em verdade. Assim, a adoração não está mais centrada no ritualismo ou no simbolismo da Antiga Aliança, mas em Cristo.[spacer height="20px"]
I. O QUE É ADORAÇÃO
Adoração vem do latim Adorationem. No sentido etimológico significa culto ou veneração que se presta a uma divindade. Para o cristão, adoração é a veneração elevada que se presta ao Deus Único, que subsiste em três pessoas distintas na Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
1. No Antigo Testamento. No Antigo Testamento, a palavra hebraica shaha ocorre mais de 100 vezes, e significa curvar-se diante ou prostrar-se diante de Deus. Há ainda a palavra abad, que traz os sentidos de adorar, trabalhar ou servir a Deus (cf. 2Rs 10.18-23). Essa é a perspectiva de adoração da Antiga Aliança. O livro do Êxodo revela que Deus mandou Moisés, Arão, Nadabe e Abiú, e os setenta anciãos, subirem ao monte e inclinarem-se de longe como sinal de reverência e adoração ao Eterno (24.1).
2. No Novo Testamento. O Novo Testamento registra o verbo grego proskuneo 59 vezes. Ela significa prostrar-se ou adorar ou prestar homenagem a alguém ou venerar ou ser reverente ou beijar a mão. Há também o verbo (prosekúnesa), que passou a significar prostrar-se como sinal de reverência, prestar homenagem. Nesse sentido, a narrativa da adoração dos magos a Jesus fundamenta a perspectiva de adoração da Nova Aliança (Mt 2.2,11).
3. Outras palavras relativas a adoração. No Novo Testamento, a palavra grega latreía emprega o sentido de serviço de adoração no culto (Êx 12.25,26; Hb 8.5; 9.9; 13.10). Dessa palavra vem o termo idolatria, ou adoração a ídolos, prática condenada por Deus. Há também a palavra leitourgia, ou liturgia, que significava serviço prestado em favor do povo.
Atualmente, a palavra liturgia refere-se à forma de organização do culto e seu desenvolvimento. Cada denominação cristã tem uma liturgia em que a adoração a Deus se destaca como a essência do culto.[spacer height="20px"]
II. COMO ADORAR A DEUS
1. Em espírito e em verdade. Após ouvir de modo atencioso e reverente a palavra de Jesus, a mulher samaritana ficou impressionada e o reconheceu como profeta (Jo 4.19). Nosso Senhor declarou duas coisas importantes sobre a verdadeira adoração. Primeiro, onde se deve adorar a Deus; em segundo lugar, como se deve adorá-lo.
1.1. Onde adorar a Deus? Para a mulher samaritana o lugar correto de adoração era o monte de Samaria. Mas para os judeus, era Jerusalém. Entretanto, nosso Senhor revelou claramente que chegaria um tempo em que o essencial da adoração não seria o lugar geográfico, pois os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.23,24).
1.2. A atitude do adorador. Além de adorar em espírito, o cristão deve adorar em verdade (Jo 4.24). Nem todo hino ou cântico ou apresentação musical é adoração a Deus. Atualmente, a partir da influência do chamado movimento gospel, as músicas têm sido usadas de forma a exaltar artistas ou levitas. Isso é uma visão deturpada da adoração. Multidões se ajuntam em templos, estádios ou praças, para assistirem shows gospel, onde a humildade e a contrição estão longe do propósito original da adoração. Ora, a verdadeira adoração é em espírito e em verdade, e para a glória de Deus. Somente Ele é o centro da adoração!
2. Com o culto racional. Paulo escreveu aos cristãos de Roma acerca de apresentarmo-nos a Deus em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional (Rm 12.1). O culto racional significa cultuar a Deus com razão de ser, motivados espiritualmente, portadores de uma sinceridade profunda: glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus (1Co 6.20).
O objetivo do culto racional é este: para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2).[spacer height="20px"]
III. GESTOS E ATITUDES NA ADORAÇÃO A DEUS
1. Ajoelhar-se e prostrar-se. São gestos de profunda reverência diante de Deus. Salomão, na inauguração do Templo, em Jerusalém, diante de todo o povo, se pôs de joelhos, adorando a Deus: Sucedeu, pois, que, acabando Salomão de fazer ao Senhor esta oração e esta súplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar do Senhor (1Rs 8.54). Jesus prostrou-se diante do Pai em súplica (Mt 26.39).
2. Louvar e cantar. Davi introduziu o uso de instrumentos musicais, do cântico coral e congregacional no culto a Deus. Ele mandou selecionar e preparar 4.000 cantores oficiais, que se revezavam em turnos (1Cr 23.5,6), acompanhados com instrumentos musicais e dirigidos por 288 maestros (1Cr 25.7). Na Igreja de Cristo, a adoração a Deus também se expressa com cânticos e hinos de caráter espiritual. O apóstolo Paulo nos exorta a praticar a verdadeira adoração de forma consciente e profunda: A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração (Cl 3.16 grifo meu).
3. Glorificar a Deus. Ao longo das Escrituras Sagradas, aprendemos que devemos glorificar a Deus com a inteireza do nosso ser (1Ts 5.23). Ora, se nós somos templo do Espírito Santo, significa que Ele habita em nós, logo. Deus não aceita nada menos que o todo do nosso ser, isto é, vosso corpo e vosso espírito (1Co 6.19,20).
O salmista lembra-nos de que a nossa adoração deve ser expressa da seguinte maneira: Oferece a Deus sacrifício de louvor e paga ao Altíssimo os teus votos (Sl 50.14). A Palavra de Deus nos ensina que quem oferece sacrifício de louvor a Deus, o glorifica (Sl 50.23). É um privilégio glorificar a Deus e apresentar-nos diante dEle.[spacer height="20px"]
CONCLUSÃO
Na mordomia da adoração, precisamos saber que Deus não vê apenas o gesto exterior como expressão de louvor, mas também a motivação do coração (1Sm 16.7). Oremos como Davi orou: Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento (Sl 139.1,2).